PALAVRA DE VIDA
E habitou entre nós...(Jo 1,1-18)
A
antiga profecia falava de uma Virgem que daria à luz um menino, como sinal de
que Deus estava presente e acompanhava os caminhos do povo da Aliança. E o nome
do menino seria Emanuel, isto é, Deus
conosco. É comum traduzir este
nome profético (pois aponta a descida do Verbo ao nosso mundo) apenas em
sentido social: Deus entre nós, no meio do povo. Mas é muito mais amplo e
profundo o sentido do nome Emanuel: Deus-conosco quer dizer Deus-em-nós, na carne dos humanos. Com certeza, desde a Anunciação – quando Maria
ouviu do Anjo Gabriel: “O Senhor está contigo” -, tão logo disse seu sim, Maria
teve consciência de que Deus estava em seu íntimo de forma palpável. Estava
cumprida a promessa do Emanuel...
Diferente
daquela “presença” do Antigo Testamento, quando Deus se “mostrava” na sarça
ardente, na nuvem luminosa, nos trovões do Sinai, agora vê-se a presença
corporal, pois o Filho de Deus se encarnou e nasceu de Mulher.
Não
podemos imaginar o cenário de Belém, quando dormia sobre a palha da manjedoura
um Menino que era Deus, mas tinha um corpo de homem. Não sabemos recuperar
aquele olhar de Maria sobre o recém-nascido, pura contemplação do Deus
encarnado. No máximo, nos aproximamos disso, quando fitamos Jesus eucarístico
presente na Hóstia consagrada. De qualquer modo, o verbo grego que traduzimos
por “habitou entre nós” – eskénosen – esconde em seu interior a palavra “tenda”
– skéne. E eu gosto de pensar que Deus se agradou de nós a tal ponto, que veio
acampar conosco, fincando definitivamente em nosso solo humano a sua barraca, a
sua tenda.
Podemos
encerrar o ano com o hino natalino composto por Santo Afonso de Ligório – “Tu
scendidallestelle” -e traduzido por Dom Marcos Barbosa:
Desceste
das estrelas, Rei celeste,
e
à gruta escura e fria tu vieste:
ó
divino Pequenino, eu te vejo aqui tremer,
Deus
encarnado...
O
quanto te custou me haver amado!
Tu, que plasmaste a terra e o céu fizeste,
faltam-te, agora, ó Deus, coberta e veste.
Ó querido estremecido, a que extremos queres
vir:
esta pobreza
mostra, do teu amor, toda a riqueza.
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário