terça-feira, 18 de agosto de 2020

 

PALAVRA DE VIDA

Dificilmente um rico entrará no reino...(Mt 19,23-30)

            Estas palavras de Jesus foram pronunciadas logo após ter feito um convite recusado por um jovem rico. A simples ideia de abrir mão de seus bens materiais encheu de tristeza o coração do jovem. E esta reação apenas confirmava o que o Mestre diria em outra ocasião: “Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”. (Mt 6,21)

            O seguimento de Jesus Cristo – a sequela Christi – exige corações livres, capazes de ir com ele sem contrapesos, sem preocupações administrativas e sem as ansiedades da Bolsa de Valores. Na verdade, trata-se de um “conselho”; a recusa não significa necessariamente um pecado, mas dificulta seriamente a opção fundamental pelo Reino de Deus.

            Em seu livro “As Três Idades da Vida Interior”, o teólogo Garrigou-Lagrange, O.P., assim escreve: “Doravante, mesmo se a gente não deixa de lado a prática efetiva dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, é preciso ter o espírito dos conselhos, isto é, o espírito de desapego: ‘O tempo é curto (para a viagem para a eternidade); é preciso, pois, que aqueles que têm mulher sejam como se não tivessem, aqueles que choram como se não chorassem, os que se alegram como se não se alegrassem, os que compram como se não possuíssem, e os que usam deste mundo como se não usassem, pois a figura deste mundo passa’. (1Cor 8,29-31)

            Não se deve procurar instalar-se nele, se se quer verdadeiramente caminhar para Deus, se se quer aproveitar o tempo para ir para a eternidade. – A elevação infinita de nosso fim sobrenatural exige uma abnegação especial em relação ao que é simplesmente humano, mesmo legítimo, pois nós poderíamos absorver-nos nisso em detrimento da vida da graça.

Isto é verdadeiro particularmente para os apóstolos (2Tm 2,4): ‘No serviço das armas, ninguém se embaraça com os afazeres da vida, se ele quer agradar a quem o alistou. Igualmente, o soldado de Cristo deve evitar embaraçar-se com as coisas do mundo, deve usar dele como se não usasse’. [...]

Nada mais certo. Diante de tudo o que permanece terrestre, o cristão deve ter um desapego, uma especial abnegação exigida pela elevação infinita do fim eterno para o qual ele deve caminhar, e caminhar cada dia com passadas mais rápidas; pois quanto mais nos aproximamos de Deus, tanto mais somos atraídos por Ele.”

Orai sem cessar: “Amo teus mandamentos mais que o ouro!” (Sl 119,127)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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