PALAVRA DE VIDA
Que vai ser este menino? (Lc 1,57-66)
O
menino é João, o Batizador. O espanto geral com seu nascimento brota
principalmente do fato de Isabel, a mãe, ser uma velha que por muitos anos
viveu a humilhação da esterilidade. Só uma intervenção direta de Deus tornou
possível a vida nova. Daí o nome da criança: João – isto é, “Deus me agraciou”.
Some-se a isto a mudez de
Zacarias, o pai, desde a visão do anjo no Templo, e a recuperação da voz com o
nascimento do menino. O inesperado e a surpresa arregalaram os olhos de muita
gente em EinKarim... Daí, a pergunta que se repetia: “Que vai ser este menino?”
Pensando
bem, esta mesma pergunta devia ser ruminada pelos pais a cada nascimento.
Repetido o milagre (pena que a gente se acostume com milagres repetidos!) da
fecundação, da gestação e do nascimento, contemplando o menino no berço, os
pais deviam se interrogar sobre o futuro da criança. Melhor: deviam buscar
intimamente os desígnios de Deus para o filho que lhes foi dado.
Afinal,
ninguém vem a este planeta sem o toque do dedo de Deus. E ninguém chega até
esta nave provisória sem uma missão específica, uma tarefa pessoal e
intransferível, como os convites de baile de antigamente: “pessoal e
intransferível”. Se a criança nasceu, cabe a ela um papel no drama da
humanidade. E os pais são os primeiros coadjuvantes na descoberta desse papel.
Não
seria esta a melhor definição para “educação”? Fazer vir à tona, à superfície
do EU, a missão confiada à criança que chegou? Quando falhamos nesta
coparticipação, aumentamos a possibilidade de desvios e fracassos.
Não
existem crianças “comuns”. Um novo filho não é “mais um”. O mistério oculto no
fundo do novo ser devia arregalar nossos olhos a cada nascimento. Diante da
vida nova, é urgente fazer a pergunta das aldeias próximas de Jerusalém: “Que
vai ser este menino?”
No
caso de João Batista, nascia um profeta. Uma voz para clamar no deserto dos
homens. Aquele que correria na frente – o pré-cursor – do Messias que se
aproximava. Curtido pelo sol do deserto e inspirado pelo Vento das montanhas,
João iria abalar o seu tempo, mesmo ao preço da própria vida.
No
nosso caso, qual será a nossa missão? De que modo deveríamos abalar a nossa
geração? Qual a tarefa pessoal que nos foi designada?
Orai sem cessar: “Um filho nos foi dado...” (Is 9,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário