PALAVRA DE VIDA
Muita gente
anda à procura de orientadores que possam iluminar o caminho e auxiliar nas
decisões. Hoje, existe o “coach”,
definido como umaespécie de treinador que assessora o cliente, levando-o a refletir,
chegar a conclusões, definir ações e, principalmente, agir em direção a seus
objetivos, metas e desejos.
Na vida
espiritual, sempre existiram homens e mulheres que atraíram discípulos que
neles viam pessoas capazes de orientá-los para Deus. Óbvio, quem fez a
experiência de Deus – quase sempre pela via do sofrimento e da cruz – estará em
condições de encaminhar os seus discípulos.
O problema
está em buscar apoio e iluminação em pessoas que continuam nas trevas. Aqui e
ali – ainda mais agora, quando a informação e a comunicação não deixam nada
oculto – manifestam-se graves desvios em “guias de cegos”, ou seja, pessoas que
se arvoraram a orientar os outros quando elas mesmas estavam desorientadas.
Comentando
este Evangelho, Helmut Gollwitzer observa que Jesus está mostrando aos
discípulos que, antes de mudar os outros, eles devem se dedicar à mudança de si
mesmos. “Esta ordem é irreversível (v. 42). É claro que Jesus tem em vista o
perigo para os discípulos em sua missão de pregadores: eles correm o risco de
serem desqualificados depois de terem servido de arautos para os outros (cf.
1Cor9,27). É por isso que ele os impede de se erigirem como juízes, imprimindo
no espírito deles a exata condição de toda pregação”.
De fato, o handicap negativo do pregador está nele
mesmo: como pregar aos outros um Evangelho que ele mesmo não está vivendo? Como
propor um programa de vida que ele mesmo não está seguindo? Todos conhecem o
caso do pneumologista que fuma... E a situação da nutricionista obesa... Vale,
então, a máxima dos antigos: “Médico, cura-te a ti mesmo!”
Para deixar
bem claro o absurdo da situação, Jesus se vale de duas imagens em contraste: o
cisco e a trave. Se eu tenho os olhos prejudicados por um grande obstáculo – a
trave de madeira -, como pretendo extrair o pequeno – o cisco – da vista de meu
irmão?
Não se trata
de fazer ilusões sobre a cegueira dos outros, nem de ficar indiferente a ela.
Trata-se de mudar primeiro a minha própria visão e – só depois – tentar mudar a
visão dos outros.
Orai sem cessar: “Senhor, que eu veja!”(Mc 10,51b)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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