sexta-feira, 11 de setembro de 2020

 

PALAVRA DE VIDA

A trave no teu olho...(Lc 6,39-42)

            Muita gente anda à procura de orientadores que possam iluminar o caminho e auxiliar nas decisões. Hoje, existe o “coach”, definido como umaespécie de treinador que assessora o cliente, levando-o a refletir, chegar a conclusões, definir ações e, principalmente, agir em direção a seus objetivos, metas e desejos.

            Na vida espiritual, sempre existiram homens e mulheres que atraíram discípulos que neles viam pessoas capazes de orientá-los para Deus. Óbvio, quem fez a experiência de Deus – quase sempre pela via do sofrimento e da cruz – estará em condições de encaminhar os seus discípulos.

            O problema está em buscar apoio e iluminação em pessoas que continuam nas trevas. Aqui e ali – ainda mais agora, quando a informação e a comunicação não deixam nada oculto – manifestam-se graves desvios em “guias de cegos”, ou seja, pessoas que se arvoraram a orientar os outros quando elas mesmas estavam desorientadas.

            Comentando este Evangelho, Helmut Gollwitzer observa que Jesus está mostrando aos discípulos que, antes de mudar os outros, eles devem se dedicar à mudança de si mesmos. “Esta ordem é irreversível (v. 42). É claro que Jesus tem em vista o perigo para os discípulos em sua missão de pregadores: eles correm o risco de serem desqualificados depois de terem servido de arautos para os outros (cf. 1Cor9,27). É por isso que ele os impede de se erigirem como juízes, imprimindo no espírito deles a exata condição de toda pregação”.

            De fato, o handicap negativo do pregador está nele mesmo: como pregar aos outros um Evangelho que ele mesmo não está vivendo? Como propor um programa de vida que ele mesmo não está seguindo? Todos conhecem o caso do pneumologista que fuma... E a situação da nutricionista obesa... Vale, então, a máxima dos antigos: “Médico, cura-te a ti mesmo!”

            Para deixar bem claro o absurdo da situação, Jesus se vale de duas imagens em contraste: o cisco e a trave. Se eu tenho os olhos prejudicados por um grande obstáculo – a trave de madeira -, como pretendo extrair o pequeno – o cisco – da vista de meu irmão?

            Não se trata de fazer ilusões sobre a cegueira dos outros, nem de ficar indiferente a ela. Trata-se de mudar primeiro a minha própria visão e – só depois – tentar mudar a visão dos outros.

Orai sem cessar: “Senhor, que eu veja!”(Mc 10,51b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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