PALAVRA DE VIDA
Não
tinha com que pagar...(Mt
18,21 - 19,1)
Entre
outros ensinamentos, esta parábola de Jesus traça uma síntese de nossa situação
diante de Deus, com uma clara alusão à futura passagem de nosso juízo
particular, logo após a morte. Nosso balanço estará no vermelho. Somos
devedores em situação de insolvência.
Em
seu comentário sobre Mateus, o “Evangelho do Reino”, HébertRoux observa: “Mesmo
fazendo o inventário daquilo que o homem possui de mais precioso, e reunindo
todos os valores que representam sua pessoa e seus bens, o servidor bem sabe
que não poderá satisfazer as exigências de seu patrão, a despeito de suas
próprias promessas. A decisão do Rei é motivada não pelo crédito que ele
concede a seu devedor, mas unicamente pelo fato de que ele é ‘movido de
compaixão’. O devedor insolvente deve sua liberdade exclusivamente a um decreto
de pura graça: “deixou-o ir e perdoou-lhe a dívida’”.
Certos
grupos religiosos ou correntes espirituais acreditam piamente que devem seguir
determinadas leis morais e fugir dos erros conscientes para acumular méritos
diante do Criador, de tal modo que, de posse desse “capital”, possam ao fim da
vida apresentar-se ao tribunal divino com “valores a receber”. O céu (ou o
nirvana) seria, pois, simples conquista humana. Ele “mereceram” o céu...
Ledo
engano! Esta passagem para Deus (podem chamá-la de salvação...) custou o sangue
de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Como assevera o apóstolo, “por alto preço
fostes comprados” (1Cor 6,20). Não será o nosso esforço ou o nosso sangue que
pagará uma dívida (que, aliás, já foi paga) infinitamente superior aos nossos
recursos humanos.
Nossa
esperança consiste apenas na possibilidade (bem real, diz nossa fé...) de
ocorrer um movimento nas entranhas de misericórdia de nosso Deus, que se deixa
“mover de compaixão”.
De
volta à parábola, fica bem claro que há servidores tão indignos, a ponto de
negarem ao irmão mais próximo a mesma misericórdia que esperam encontrar no
divino Juiz. Ora, a simples expectativa de ter a própria dívida perdoada deve
ser suficiente para me decidir a perdoar, desde já, qualquer dívida que meus
irmãos ainda tenham comigo. Qualquer outra decisão seria loucura...
Orai sem cessar: “É eterna a misericórdia do
Senhor...” (Salmo
103,17)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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