5/06/2012 – A efígie e a inscrição... (Mc 12,13-17)
Mais uma vez,
Jesus Cristo se vê diante de uma perigosa armadilha. Perguntam-lhe se é justo,
ou não, pagar o imposto ao Imperador romano. Ora, o povo de Israel estava sob
dominação estrangeira. Militarmente vencidos, pagavam pesados tributos ao invasor.
Toda a vida social e econômica fora profundamente alterada com a áspera
presença das legiões romanas. Os colaboracionistas – como os publicanos, que
assumiam o detestável mister de cobrar os impostos – eram também detestados
pelos judeus.
Se Jesus confirma
publicamente o direito dos romanos a receberem o imposto da nação dominada,
fica na contramão dos sentimentos populares e torna-se alvo da antipatia e das
recriminações do povo. Se, ao contrário, ele diz que os judeus não devem pagar
o tributo imposto pelo dominador, assume a postura de um elemento subversivo, a
estimular a população à revolta. De um modo ou de outro, Jesus ficaria mal.
Inesperadamente,
Jesus pede que lhe mostrem uma das moedas com que pagavam o imposto. Era uma
moeda cunhada pelos romanos e trazia em relevo a silhueta de César. Se
recordarmos que a lei mosaica proibia aos judeus a fabricação de imagens de
pessoas e animais, sob a acusação de idolatria, a simples posse de uma moeda
como aquela podia ser vista como grave violação da Lei, como admissão de um
poder que fazia competição ao poder do Senhor Yahweh.
Ora,
o homem e mulher foram criados à imagem de Deus. Nas palavras do Gênesis, o
Criador neles imprimira a sua “efígie”. Não havia, pois, como confundir a
imagem de César e a imagem de Deus. Daí, para surpresa de todos, a genial
resposta de Jesus, que se tornou uma espécie de critério para a sociedade de
todos os tempos: dar a César o que é de César (como moedas, impostos, tributos,
valores materiais...), mas reservar exclusivamente para Deus aquilo que não
pode ser usurpado a seu senhorio: e em primeiríssimo lugar o coração do homem,
chamado à adoração do verdadeiro Deus...
Se
nosso mundo ainda não encontrou a paz, é porque não cumpre a ordem de Jesus. Se
ainda há pessoas que não acharam a paz, é porque estão entregando a César
aquilo que deveria ser reservado para Deus...
Orai sem cessar: “Senhor, são vossas todas as
nações!” (Sl
82,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança

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