1º/06/2012 – Sentiu fome... (Mc 11,11-26)
Na carne dos mortais, nascido de
Mulher, o Filho de Deus tem fome. À beira do poço de Jacó (Jo 4,6-7), vamos
encontrá-lo cansado e com sede. Se o amigo morre (Jo 11,35), o homem Jesus
chora com a dor de todos os humanos. Em sua agonia (Lc 22), ele sua sangue sob
a pressão da angústia. Cravado na cruz, brada: “Tenho sede!” (Jo 19,28.)
Apesar disso, quando apontamos Jesus
como nosso modelo de vida cristã, sempre surge alguém para contrapor: “Mas ele
era Deus!” E esse “defeito” – sua divindade - deveria descartá-lo como nosso
exemplo de vida. Sim, Jesus era Deus, mas voluntariamente despojado de seus
atributos divinos, igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hb 4,15).
Gratos que somos ao Senhor, que se
fez vítima de propiciação para nos salvar, vemos crescer ainda mais a nossa
confiança quando nos lembramos de sua humanidade. Não se trata de um deus
pagão, nas nuvens etéreas do Olimpo, indiferente à nossa condição humana. Como
se lê na Carta aos Hebreus, “não temos nele um pontífice incapaz de se
compadecer de nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que
nós, com exceção do pecado”. O Forte se fez fraco. O Infinito se fez pequeno. O
Eterno entregou-se à passagem do tempo. O Criador do trigo passou fome. O
inventor da água passou sede...
Se aqui e ali, episodicamente, Jesus
Cristo também demonstrava sua divindade com (raros!) gestos de poder, como
quando serenou a tempestade ou multiplicou os pães, no seu dia-a-dia ele se
submeteu por inteiro às vicissitudes do comum dos mortais. E nada o demonstra
mais claramente que a contemplação dos admiráveis ícones do Oriente, com o
Menino a mamar na Virgem Mãe. É a “Virgem da Humildade” [ou Galaktotrophousa,
a que alimenta com leite], manifestando toda a fragilidade e a dependência
escolhida pelo Filho de Deus.
Depois disso, como reclamar de nosso
trabalho e do esforço que a existência cobra de nós? Humano e despojado, Jesus
caminha conosco todos os dias de nossa vida...
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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