segunda-feira, 9 de novembro de 2020

 

PALAVRA DE VIDA

Ide ao mercado! (Mt 25,1-13)

                A situação é crítica: as cinco virgens “loucas” (assim são chamadas no texto grego original!) ouvem o grito que anuncia a chegada do Esposo para o festim nupcial, mas as lamparinas delas estão quase apagando por falta de azeite. Sua primeira reação foi a de pedir às cinco virgens “prudentes” (aquelas que haviam armazenado o óleo suficiente para a longa vigília) que partilhassem do seu combustível. Mas não bastaria para todas elas...

                É quando ouvem um conselho não muito animador: “Ide ao mercado e comprai!” Não deixa de ser uma sugestão bem atual: ir ao mercado... Todos sabem que o Mercado é o deus de plantão, diante de quem se dobram todos os joelhos e são tomadas todas as decisões políticas, de administração e gestão. É em nome do deus Mercado que os empregos são sacrificados e os pobres morrem de fome. Péssimo conselho!

                Nossa Igreja é uma noiva à espera da chegada do Noivo. O Noivo-Esposo é o Senhor Jesus, que prometeu voltar e por cuja Segunda Vinda espera todo fiel. Já correram vários séculos desde que o Noivo prometeu voltar e ainda esperamos. É longa a vigília em meio à noite escura. As virgens prudentes vão acumulando esse “azeite” que São Serafim de Sarov, o místico russo do Séc. XIX, identificou como o próprio Espírito Santo. Sem ele, vivemos nas trevas e não saberemos esperar pelo Cristo que vem.

                Esperar sem conhecer “os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade” (At 1,7) não é uma tarefa fácil, pois exige fé e a paciência em condições desanimadoras. Durante a espera, muitas vozes clamam: “Até quando?” (Sl 13,2) A decepção ronda as comunidades. Deus parece dormir... Por que não dormir também?

                No entanto, a Igreja fiel repete, em cada Eucaristia, a sua proclamação de fé: “Creio em Jesus Cristo... que há de vir para julgar os vivos e os mortos...” A chama do Espírito nos mantém vivos... sem o seu azeite, já estamos mortos. Mas todos, sem exceção passaremos pelo Juízo.

                Conforme ensina São Serafim de Sarov, “o Espírito Santo vem habitar em nossas almas, e esta residência em nós do Todo-Poderoso, a coexistência em nós de sua unidade trinitária com nosso espírito, só nos é concedida sob a condição de trabalhar por todos os meios à nossa disposição para obter deste Espírito que ele prepare em nós um lugar digno desse encontro, segundo a palavra imutável de Deus: ‘Eu virei e habitarei neles, serei o seu Deus e eles serão o meu povo’. (Lv 26,11-12)”.

 

Orai sem cessar:“Preparei uma lâmpada para o meu Ungido...” (Sl 132,17)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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