Em sua entrada triunfal em Jerusalém (cf. Mt 21), a multidão aclamaria a Jesus de Nazaré com o título real de Filho de Davi. Na prática, significava reconhecê-lo como o Messias prometido a Israel. No tempo do Rei Davi, quando este pensou em construir um templo para Yahweh, foi-lhe feita uma promessa: um de seus descendentes ocuparia um trono eterno, e seria tratado por Deus como verdadeiro filho. Ainda que se tratasse de Salomão, uma leitura posterior viu aqui uma alusão ao Messias.
No Evangelho de hoje, Jesus, tantas
vezes interpelado de modo capcioso pelos doutores da lei e pelos fariseus,
devolve-lhes na mesma moeda. Como os escribas ensinavam que o Messias esperado
era “Filho de Davi”, Jesus se vale de um texto do próprio Davi – o Salmo 110,1
– para mostrar que Davi, paradoxalmente, chamava o Messias de “Senhor”, um
título divino, o que equivale a reconhecer que Davi lhe era inferior.
Claro que o povo se deliciava quando
via os “doutores” desmascarados por um simples carpinteiro. Mateus registra que
foi a gota d’água: dali em diante, desistiram de pegar Jesus em alguma
armadilha doutrinária.

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